Com o avanço da ciência nutricional, venho percebendo um interesse crescente entre nutricionistas e pacientes sobre a microbiota intestinal e como as mudanças nesse ecossistema impactam a saúde. Do consultório até o ambiente acadêmico, muitos colegas me perguntam: “Por onde começar a análise dos exames da microbiota intestinal?” Tenho vivido, acompanhado e estudado essa tendência de perto. Por isso, quero compartilhar um passo a passo realista, prático e baseado em evidências que uso no meu dia a dia, especialmente quando conto com o apoio de ferramentas como a Nutrio.
O que é e para quem é indicado analisar a microbiota intestinal?
O intestino humano abriga trilhões de micro-organismos que atuam em funções-chave para o corpo. Sempre que explico isso para o paciente, comparo esse ecossistema a um órgão invisível, mas com impacto direto na digestão, imunidade e na absorção de nutrientes.
Não é segredo que a análise da microbiota intestinal está cada vez mais presente na rotina de nutricionistas que prezam por uma nutrição baseada em evidências, como eu observo discutido em nutrição baseada em evidências no consultório. Considero essa investigação relevante para pessoas com:
- Distúrbios digestivos persistentes
- Baixa resposta a tratamentos nutricionais
- Obesidade, síndrome metabólica ou doenças crônicas
- Patologias autoimunes, como lúpus
- Uso contínuo de antibióticos
Entender o que está além da superfície do sintoma abre novas portas.
Antes do exame: iniciativas e sinais para investigar
No meu atendimento, vejo que alguns sinais são comuns em pessoas que podem se beneficiar de avaliar a microbiota intestinal. Listo, por exemplo:
- Alterações persistentes no hábito intestinal (diarreia, constipação, flatulências)
- Cansaço sem causa aparente
- Inflamações frequentes e doenças recorrentes
- Resistência na perda de peso, mesmo com boa adesão ao plano
Já anotei vários casos em que a baixa adesão ao tratamento também pode indicar desbalanço intestinal, como expliquei em 7 sinais de baixa adesão ao tratamento nutricional.
Como o exame da microbiota intestinal é realizado?
Já acompanhei pacientes e supervisionei estudantes que tinham dúvidas sobre o procedimento. Em linhas gerais, o exame consiste em coletar amostras de fezes do paciente, que são submetidas a técnicas que analisam a presença e a quantidade de diferentes microrganismos. Vejo hoje laboratórios com metodologias variadas, desde sequenciamento genético até análise por cultura e espectrometria.

Procuro sempre orientar o paciente sobre a necessidade de seguir as instruções de coleta do laboratório para garantir a precisão do resultado. Afinal, erros simples na coleta podem prejudicar toda a interpretação.
Pontos principais para interpretar os resultados
Receber o exame em mãos é só o início. Observo que muitos colegas ficam inseguros sobre como interpretar aquela “listagem” de micro-organismos. Na minha atuação, costumo dar atenção a:
- Diversidade bacteriana total (quanto maior, melhor)
- Relação Firmicutes/Bacteroidetes
- Presença de bactérias patogênicas ou potencialmente nocivas (Klebsiella, Escherichia-Shigella etc.)
- Quantificação de Lactobacillus e Bifidobacterium, importantes na manutenção do equilíbrio intestinal
Estudos da Universidade de São Paulo mostram uma relação direta entre consumo de ultraprocessados e aumento do filo Firmicutes, que pode contribuir para obesidade. Já a revisão sobre disbiose e obesidade detalha que essa proporção influencia na absorção de calorias e no acúmulo de gordura.
Costumo conversar sobre esses dados com meus pacientes, tornando o laudo compreensível e orientando mudanças de acordo com cada resultado. A tabela abaixo detalha, em linhas gerais, como interpreto alguns achados:
- Diversidade reduzida: Pode sinalizar menor resiliência e maior risco de doenças.
- Firmicutes/Bacteroidetes elevado: Relacionado a obesidade e eficiência na extração calórica.
- Predominância de patógenos: Indica risco de disbiose, principalmente em crianças, portadores de doenças autoimunes ou após antibióticos, como explica pesquisa da USP com recém-nascidos.
Recentemente, vi no consultório pacientes com lúpus apresentando menor diversidade bacteriana e permeabilidade intestinal aumentada, perfil descrito também em estudo com pacientes com lúpus.
Não basta olhar para números; é preciso entender histórias por trás dos dados.
Transformando o laudo em plano de ação
No momento de ajustar a conduta, valorizo muito a integração com outras informações clínicas e laboratoriais já descritas em como solicitar e interpretar exames laboratoriais em nutrição. Dados como exames bioquímicos, histórico alimentar e rotina fazem toda a diferença.
No Nutrio, consigo correlacionar rapidamente o resultado da microbiota com a evolução do paciente, otimizando ajustes no plano alimentar e orientando sobre probióticos, prebióticos e mudanças de hábitos comprovadas pela literatura científica mais atual.
- Revisão do plano alimentar, focando em fibras, alimentos fermentados e menor consumo de ultraprocessados
- Discussão sobre probióticos e prebióticos, respeitando a individualidade
- Acompanhamento de sintomas e evolução clínica, organizando novas metas e mudanças, como sugere o artigo sobre consulta de retorno e avaliação de novas metas
Reuni informações do paciente para não perder dados de vista. Nesse sentido, sempre integro os achados ao acompanhamento global e, sempre que possível, organizo minhas métricas no consultório, associando com sugestões detalhadas em análise de dados no consultório: métricas para 2026.

Erros comuns que eu evito no dia a dia
Depois de tantos laudos interpretados, observei que alguns enganos são recorrentes entre iniciantes e até profissionais experientes:
- Ignorar sinais clínicos do paciente e focar apenas no resultado laboratorial
- Generalizar condutas sem considerar individualidade biológica
- Indicar suplementos desnecessários, sem base em sintoma ou achados laboratoriais
- Desatualizar-se quanto aos avanços do tema
Costumo dizer que o mais seguro é sempre correlacionar exame com história clínica, exames complementares e os objetivos individuais do paciente. Isso só é possível com atualização constante, reflexão crítica e ferramentas organizadas, como as que encontro no Nutrio.
A ciência avança, mas o olhar humano é sempre indispensável.
Conclusão: caminho do exame à mudança real
Se eu pudesse resumir minha experiência em um conselho, seria este: comece pela escuta atenta, utilize exames quando fizer sentido e transforme os dados em estratégias personalizadas. Analisar a microbiota intestinal é um recurso promissor, mas só ganha sentido quando entendemos o contexto do paciente e buscamos atualizar nosso conhecimento sempre.
Hoje, posso dizer que ferramentas que integram dados, como a Nutrio, tornam tudo mais prático e seguro. Fica o convite: conheça o Nutrio e descubra como transformar resultados em mudanças positivas para seus pacientes e sua prática profissional!
Perguntas frequentes sobre análise da microbiota intestinal
O que é análise da microbiota intestinal?
Análise da microbiota intestinal é um exame feito a partir de amostras de fezes para identificar, quantificar e avaliar a diversidade dos micro-organismos que habitam o intestino de uma pessoa. Com ele, é possível detectar desequilíbrios que podem afetar a saúde digestiva, imunológica e metabólica.
Para que serve esse exame?
Esse exame serve para investigar disfunções gastrointestinais, avaliar a saúde intestinal, monitorar o efeito de dietas e tratar doenças relacionadas à disbiose, como obesidade, doenças autoimunes e até dificuldades de controle do peso. Os resultados subsidiam a criação de estratégias nutricionais individuais.
Como é feito o exame da microbiota?
A análise da microbiota intestinal é feita a partir da coleta de uma amostra de fezes, geralmente em casa, com kit fornecido pelo laboratório. O material coletado é enviado para análise em laboratório, onde são utilizadas técnicas de biologia molecular para mapear as bactérias presentes e sua quantidade.
Quanto custa analisar a microbiota intestinal?
O exame da microbiota intestinal pode variar bastante de preço, dependendo da tecnologia usada e do laboratório escolhido. Hoje, observo valores entre R$500 e R$2.000, a depender do nível de detalhamento e abrangência do teste.
Onde fazer exame de microbiota intestinal?
Esse exame pode ser feito em laboratórios especializados em genética, biologia molecular e análises clínicas, mediante solicitação do profissional de saúde. Procure sempre lugares que sigam normas técnicas adequadas e que ofereçam suporte interpretativo ao profissional solicitante.